quarta-feira, 7 de novembro de 2007

3 coisas que corrompem mais do que o resto:

Há três coisas no Mundo com uma particular capacidade de nos distorcer a percepção, de nós próprios e do que nos rodeia, a saber:

O Poder - diz o ditado que "o Poder corrompe" e dispensa exemplos concretos;

A Fama - nesta área arrisco dar exemplos: da Elsa Raposo ao Joe Berardo, passando pelas celebridades fugazes dos reality shows, you name it;

O Automóvel - pode parecer inusitado, mas eis a prova:



A verosimilhança desta caricatura é absolutamente maravilhosa... e o remate final com a frase "O princípio do prazer", simplesmente, sublime!

É esta distorção da percepção que faz alguns automobilistas vociferarem calúnias ao engarrafamento que têm pela frente e, simultaneamente, aos apressados que lhes buzinam pelas costas, sem nunca se considerarem parte do problema. O que é compreensivel, já que esta pequena sinapse nervosa desencadearia um curto circuito cerebral de tal ordem, que as consequências poderiam ir muito além do aqui previsto, a 1 minuto e 30 segundos do final:



Na forma como manipulamos e, simultaneamente, somos manipulados por estas três "coisas" encontramos essa cruzada ambígua a que chamámos "o processo civilizacional" - a intenção da humanidade de se conduzir a si própria no sentido da racionalização de todas as relações tensionais e na aniquilação do sofrimento produzido por essas tensões. (n'a sociedade primitiva)


Haja saúde


PS: poderia ter incluído o vil metal na lista das coisas que corrompem, mas será ele uma "coisa" em si mesmo, ou apenas um meio de chegar a elas. O fascínio que ele nos exerce está em si, ou nas "coisas" que ele nos permite ter?


1 comentário:

Anónimo disse...

"Nas mãos dos portugueses, o automóvel, que devia servir para nos levar confortavelmente de um lugar para outro, parece ter todos os fins menos esse. Nele se canalizam frustrações, raivas sociais e perversidades marialvas. Nele se revela um generalizado desprezo pelas regras mínimas da vida em comunidade. Usado para mostrar estatuto, poder e alguma forma de superioridade económica ou de adrenalina, o carro está entre nós mais perto de uma arma do que de um veículo de transporte. O hábito e uma espécie particular de corrupção cultural determinam que se ache natural acelerar, fazer manobras perigosas e insultar os outros condutores." - por Leonel Moura in Jornal de Negócios - http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Opiniao&CpContentId=305432